Minha estrada é minha dança
meu corpo, matéria que move e não se move,
transforma-se em veículo para uma viagem
dentro e fora.
Aos viajantes que vieram de terras tão distantes
e por aqui deitaram suas raízes
com o peito apertado e cheio de esperanças,
ao corpo brasileiro japonês,
seus sonhos e memórias.

TABI em japonês significa viagem: neste espetáculo representa uma busca no tempo da ancestralidade. Não se trata de um resgate histórico da imigração japonesa no Brasil, mas sim dos questionamentos a partir do meu corpo, misturando fragmentos de memórias tanto individuais quanto coletivas, deste corpo que carrega genes e sangue japonês, e, paradoxalmente o modo de ser brasileira.

O ponto de partida para a criação dos movimentos parte dos pés, tão valorizados pelo povo japonês a ponto de se ouvir que sua cultura se define a partir da planta dos pés. E como dizia a dupla de criadores Takao Kusuno e Felicia Ogawa, « extraindo da terra a energia vital nutrindo, assim, o mundo físico e o imaginário », os pés em TABI são a possibilidade do indivíduo que caminha na busca de uma realização interna de transformações.

TABI é fruto das indagações quanto ao « corpo japonês/brasileiro » que se inicia no encontro com o multi-artista japonês Takao Kusuno e no contato com seus ensinamentos a partir do olhar em busca de minhas raízes; é fruto também dos desdobramentos de trabalhos iniciados com o apoio da Bolsa Vitae de Artes em 1999, fundamental para poder aprofundar as investigações relacionadas às questões da identidade cultural como nipo-brasileira. Em TABI experimento o corpo e suas possibilidades que expressam minhas inquietações estéticas bem como meu processo existencial.

Ficha Técnica

Criação e interpretação: Emilie Sugai
Atrizes convidadas: Dorothy Lenner ou Marilda Alface
Espaço cênico: Hideki Matsuka
Desenho trilha sonora: Flávia Calabi
Iluminação: Hernandes de Oliveira
Adaptação da luz: Arinagô
Colaboração: Patricia Noronha
Duração aproximada: 45 minutos